Redução da dor mecânica (ou química nociceptiva)



Para iniciar, primeiramente vamos definir o conceito de nocicepção, e seguidamente a dor nociceptiva. Esta primeira é definida como a recepção, transmissão e processamento de estímulos nocivos (lesivos para os tecidos ou potencialmente lesivos para os tecidos). Esta segunda tem as seguintes características:

- Resulta da lesão da pele ou de outros tecidos periféricos;
- Transmitida através de receptores sensoriais, neurónios aferentes, e vias nociceptivas espinotalâmicas ascendentes;
- É modulada por vias inibitórias descendentes;
- Mediada pela atividade das fibras C de limiar alto;
- Resposta fisiológica normal para proteção tecidular;
- Dor somática: bem localizada, descrita como facada, pontada.

Podem provocar a libertação de agentes químicos (sinais) que estimulam os receptores.
– Bradicinina
– Histamina
– Prostaglandinas
– Ácidos
– Excesso de potássio
– Serotonina
– Enzimas proteolíticas

Podem ser utilizadas várias técnicas palpatórias para reduzir os sintomas provenientes de dor mecânica ou química nociceptiva, incluindo: massagem, mobilizações especificas do tecido conectivo, massagem do tecido conectivo e eletroterapia. - Falaremos posteriormente sobre os recursos da eletroterapia e das mobilizações específicas do tecido conectivo - Por agora iremos falar um pouco sobre o que faz a massagem. 

A massagem pode ser aplicada para reduzir a dor, utilizando: stroking, effleurage, kneading, pickin up, toringing e rolamento da pele, por exemplo. Pensa-se que os efeitos adicionais incluem: um aumento do fluxo circulatório, relaxamento muscular, alongamento dos tecidos, aumento da drenagem tecidular e alívio da dor (Thomson et al 1991) 

A massagem do tecido conectivo (MTC) envolve a aplicação de pancadas específicas na pele e nos tecidos subcutâneos, da coluna lombar até aos membros superiores, ou da coluna lombar até aos membros inferiores. Foi sugerido que isto afeta o sistema nervoso autónomo e, através deste sistema, aumenta a circulação, o que ajuda na recuperação e alivia a dor ( Thomson et al 1991)

O mecanismo pelo qual a dor é aliviada com cada uma destas técnicas manuais ainda não é conhecido. Os aferentes de grande diâmetro estão distribuídos pela pele, articulação, músculo e tendão e são estimulados pela pressão. É possível que as técnicas manuais descritas acima possam estimular estes aferentes e causar uma inibição reflexa dos nociceptores musculares de tipo IV de acordo com a teoria do "Gate control" de dor (Melzack e Wall 1965). A dor pode também ser reproduzida através de um sistema inibitório descendente.  

A posição de slump do simpático demonstrou causar nos indivíduos assintomáticos um maior aumento na condução da pele e uma pequena diminuição da temperatura (comparada com um grupo de controlo placebo), indicativa de um aumento da atividade do simpático (Slater et al 1994). Do mesmo modo a posição mantida de slump durante apenas 7 segundos também demonstrou afetar o fluxo simpático para o membro inferior (Konberg e McCarthy 1992). Considera-se que um aumento da atividade do simpático, juntamente com a hipoalgesia, faz parte de um poderoso sistema descendente de controlo da dor (Lovick 1991)

Bibliografia recomendada

PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO E TRATAMENTO DO SISTEMA NEURO-MÚSCULO-ESQUELÉTICO
Princípios de Intervenção e tratamento do sistema neuro-músculo-esquelético. PETTY, NICOLA J.

Kathleen A. Sluka. Mechanisms and Management of Pain for the Physical Therapist. IASP, 2009.

David Butler, Lorimer Moseley. Explain Pain. NOI group publications, 2012.

John D. Loeser. Bonica’s Management of Pain. Fourth Edition. Lippincot Williams & Wilkins (LWW), 2009.

IASP – International Association for the Study of Pain. http://www.iasp-pain.org

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